sexta-feira, 2 de abril de 2021

A gente vai embora

 Acho oportuno compartilhar esse texto do professor e jornalista Sérgio Cursino...

 

A GENTE VAI EMBORA e fica tudo aqui, os planos a longo prazo e as tarefas de casa, as dívidas com o banco, as parcelas do carro novo que a gente comprou pra ter status.

A GENTE VAI EMBORA sem sequer guardar as comidas na geladeira, tudo vai apodrecendo, a roupa fica no varal.

A GENTE VAI EMBORA, se dissolve, a gente some, toda nossa importância se esvai, essa importância que pensávamos que tínhamos..., a vida continua, ela segue, as pessoas superam e vão seguindo suas rotinas.

A GENTE VAI EMBORA, as brigas, grosserias, impaciência, infidelidade, tudo isso serviu para nos afastar de quem só nos trazia felicidade e amor.

A GENTE VAI EMBORA e o mundo continua assim, caótico, muito louco, como se a nossa presença ou ausência não fizesse a menor diferença. Aqui entre nós, não faz. Nós somos pequenos, mas nós somos arrogantes, prepotentes, metidos a besta. 

A GENTE VAI EMBORA. E é bem assim: Piscou, num estalo, a vida vai. O cachorro que eu amo tanto, ele é doado. O cachorro se apega aos novos donos. Os viúvos se casam de novo, eles andam de mãos dadas, apaixonados e vão até ao cinema. 

A GENTE VAI EMBORA e nós somos rapidamente substituídos naquele cargo que a gente ocupou na empresa. Nós somos substituídos no outro dia. As coisas que nós nem emprestávamos são doadas, algumas jogadas fora.

Quando menos a gente espera, A GENTE VAI EMBORA. Aliás, quem é que espera morrer? Se a gente esperasse pela morte, talvez a gente vivesse mais. Talvez a gente colocasse nossa melhor roupa hoje, talvez a gente comesse a sobremesa até antes do almoço. Talvez a gente esperasse menos dos outros. Talvez a gente risse mais, saísse à tarde para ver o pôr do sol, talvez a gente quisesse mais tempo e menos dinheiro. 

Hoje o tempo voa, amor. A partir do momento em que a gente nasce, começa essa viagem, essa jornada fantástica veloz com destino ao fim, rumo ao fim - e ainda tem aqueles que vivem com pressa! Eu ainda tenho pressa! O que é que eu estou fazendo agora com o tempo que me resta? 

Que possamos ser cada dia melhores. Que saibamos reconhecer o que realmente importa nesta nossa breve passagem pela Terra. Só isso. Até porque, A GENTE VAI EMBORA!

 



sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

A solitude é viciante!

Alguém disse que "a solidão é perigosa e viciante. Uma vez que você se dá conta de quanta paz há nela, você não quer mais lidar com as pessoas".
Não faço a menor ideia de quem seja o autor dessa frase, fato é que a pessoa definiu a solidão a partir do que se chama, na verdade, solitude
Solitude, essa sim é viciante. É, literalmente, do latim, "a glória de estar sozinho". Pressupõe querer estar só e aproveitar esses momentos consigo. É escolher ser sozinho e ser feliz com essa escolha.
A solidão, por outro lado, não tem esse caráter deliberado; não é uma escolha, mas uma condição ou um estado. Por isso, solitude é a palavra que me encanta e me define!
Quanto prazer existe em estar só, em ter meus horários, minhas prioridades, meu barulho e meu silêncio, minha bagunça, tanto externa quanto interna.
A pandemia, que impôs o isolamento social e transformou meu 2020 em um dos melhores anos, mostrou o quanto as pessoas não estão preparadas ou dispostas e experimentarem verdadeiramente a solitude. O que se viu nesse período foram as redes sociais cheias de pessoas melancólicas, tristes, se sentindo presas no que, para mim, é a verdadeira liberdade.
Na contramão de todas essas pessoas, enquanto lia as suas reclamações, me dei conta do quanto eu sinto a verdadeira liberdade morando sozinho e ficando sozinho. Não consigo me sentir solitário e muito menos melancólico.
De fato reconheço a paz que existe na solitude... e gosto dessa paz!
Não confunda, jamais, "estar sozinho" com "sentir-se sozinho". Menos ainda imagine que "sentir-se sozinho" significa sentir-se abandonado ou ignorado. 
O que para alguns pode ser uma tortura, para outros pode ser o verdadeiro refúgio. Essa é a mágica!

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Velhos amigos, novos desconhecidos

Uma música "dazantiga" me fez relembrar de pessoas com as quais fiz "juras de mindinho" que seríamos amigos para sempre. O triste é que, atualmente, eu sequer sei por onde essas pessoas estão, tampouco sei se ainda 'estão'. 
Alguém, por favor, avisa todas as crianças e adolescentes que o tempo pode ser cruel com quem prometemos que seríamos "amigos para sempre". Com o passar do tempo a maturidade chega e, com ela, chegam também novas responsabilidades, novos hábitos, novas rotinas. Surgem, ainda, novos amigos em função de trabalho, de faculdade, de novos lugares que passamos a frequentar ou até mesmo morar. Infelizmente, não dispomos do tempo que gostaríamos - ou pelo menos não o administramos corretamente - para alimentar aquelas velhas amizades.
Fato é que o tempo traz mudanças, muitas mudanças: físicas, psicológicas, socias e até geográficas. Nas minhas andanças, tive que parar para contar nos dedos as sete cidades, em quatro Estados que já morei (SC, RS, SP, TO). Inevitavelmente, com tantas mudanças, embora ainda mantenha uma boa relação de amizade com algumas pessoas que fizeram parte da minha infância e da minha adolescência, velhos amigos acabaram se tornando novos desconhecidos para mim. 
Resultado de imagem para amigos de infanciaNo mês de janeiro, por exemplo, enquanto estava de férias em Santa Catarina, reencontrei casualmente o Gilberto, um ex-colega de escola, mas que estava um ano à frente; eu estudava com o seu irmão mais novo. Tivemos que nos reapresentar "lembra de mim?" Que constrangedor tentar, sem sucesso, buscar na memória o seu nome. Deve ter percebido meu desespero diante de tamanho exercício mental e acrescentou: "sou o Gilberto, irmão do Tili". UFA!!! Ao menos voltamos a manter contato pelas redes sociais.
E o que falar da Dani??... crescemos juntos, brincávamos juntos e, sobretudo, apanhávamos juntos. Nossas famílias eram melhores amigas. Fui padrinho do seu casamento e hoje apenas a vejo nas redes sociais com a família constituída. A vida seguiu seu curso e naturalmente nos distanciamos.
Posso falar da Jansi - um mês mais nova que eu - uma das minhas duas primeiras namoradas (sim, do alto dos meus sete anos de idade, já comecei na bigamia, namorando ao mesmo tempo com a Jansiele e com a Darine). Com a Jansi aprendi a andar de bicicleta e aprendi, também, que se bater uma porta com muita força na mão da Gisele, ela acaba indo pro hospital com um dedo pendurado. Jansiele foi minha antiga parceira de bailão pelos interiores de Santa Catarina. Essa é uma velha amiga que ficou, com quem ainda troco mensagens no whatsapp, que se resumem a vídeos, memes e piadas - pelo menos o bom humor continua.
Não tenho notícias, nem contato, com a minha turma de melhores amigos nos anos de ouro no Colégio Olavo, como a Gabi, a Renata, o Juliano (que era considerado o aluno mais bonito da escola e - numa busca curiosa pelas redes sociais - percebi que o tempo não lhe foi generoso), o Gustavo, a Fran e aquele que não lembro sequer o nome, que sentava à minha direita no fundo da sala.
É evidente que as rede sociais permitiram manter contato ou até mesmo me reaproximar de muitas pessoas que convivi, especialmente no tempo de escola. Mas a amizade também já não é a mesma. Os velhos amigos definitivamente se tornaram novos desconhecidos ou, na melhor das hipóteses, foram rebaixados à categoria "conhecidos".
Tantas lembranças... Confesso que deu saudade!!! Mas, como seria estanho reunir hoje todas essas pessoas... como seria constrangedor, quem sabe até bizarro.
Se é natural que pessoas entrem e saiam das nossas vidas, que amizades vão e venham, não é natural ficar remoendo, com triste saudosismo. É saudável, sim, relembrar, guardar bons momentos, por vezes até sorrir das lembranças. Mas a vida segue seu fluxo e deve continuar.
Resultado de imagem para velhos amigosSe o tempo permitir e o Alhzeimer não chegar antes, espero conseguir manter os amigos que ficaram por mais longos anos e na velhice, quem sabe, nos reunirmos em alguma partida de bingo ou dominó. À medida que a memória permitir, daremos boas risadas. Por ora, para não cair no saudosismo, é melhor evitar determinadas músicas!

Decidi voltar

Passei mais de um ano sem escrever nesse espaço! Como pude ser tão relapso? Pois bem, agora decidi que é hora de dar um tempo nas brincadeiras e postagens sem fundamento nas redes sociais e retomar velhos bons hábitos, especialmente o de esrever.
Em algum lugar desse blog eu já mencionei que não levo as redes sociais a sério, elas não merecem. Aqui sim, me permito ser um Mike mais transparente, por vezes até mais sentimental, que não fala ou zoa sobre futebol, religião, política e todos os memes derivados.
Não sei por quanto tempo me mantenho aqui de volta, mas é bom retomar algumas reflexões. Talvez eu esteja precisando me reencontrar, quem sabe até me reinventar. E como poucas pessoas têm acesso a este espaço, aqui me sinto até mais à vontade.
É bom estar de volta, pelo menos enquanto durar!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Pequenas mentiras diárias



Quantas vezes você já fingiu estar bem apenas para não estender o assunto? Pra não ter que explicar exatamente o que está acontecendo ou está sentindo? Apenas para evitar perguntas insistentes?
Tenho sido um fiel adpeto dessas pequenas mentiras dirárias. Observo em mim mesmo que, a cada dia que passa, parece que me fecho ainda mais em minha própria redoma e permito que bem poucas pessoas realmente saibam como estou de verdade.
São essas poucas pessoas que perguntam "tudo bem?" querendo exatemente saber a resposta verdadeira a essa pergunta. Na maioria dos casos, essa pergunta é mera formalidade ou educação; independente da resposta.
Nos acostumamos a cumprimentar as pessoas com "oi, tudo bem?" já esperando o tradicional "tudo e você?". Já imaginou que estranho seria você passar pela tia do café no trabalho, perguntar "tudo bem?" e ela responder "não!" com um semblante triste? Seria um choque. Certamente você perguntaria o que aconteceu, ou qual o motivo dela não estar bem. Mas, você realmente quer saber esses motivos? Você teria tempo e paciência para ouvir o desabafo dessa pessoa?
Nós só deveríamos perguntar "tudo bem" se realmente estivéssemos dispostos a prestar atenção no "tudo" e, especialmente, estivéssemos preparados para o não e suas explicações, por mais longas que sejam. Talvez, seja apenas isso que essa pessoa precise: alguém que preste atenção nos seus "tudos".
Assim como eu, acredito que a maioria das pessoas ignora problemas, preocupações, receios e angústias diariamente, afirmando estar "tudo bem". Primeiro, porque as pessoas não são tão próximas ou íntimas ao ponto de abrirmos esse tipo de conversa. Segundo, porque é mais rápido, prático e evita maiores delongas. Por fim, temos certa dificuldade em assumir nossos próprios problemas ou, não queremos incomodar ninguém com nossas angústias.
Outra pequena mentira diária, talvez não tão frequente, é o "eu estava brincando". Por maldade, intencionalmente ou até mesmo por descuido, acabamos falando o que não deveríamos ou o que, de alguma forma, chateia a outra pessoa. Por receio de começar uma discussão ou termos que explicar a verdade, assumimos que era apenas uma brincadeira, quando na verdade nem era tão brincadeira assim.
Tem ainda aquela famosa "preciso ir agora". Confesso que essa é uma das que eu mais tenho usado ultimamente. Talvez em função da primeira aí em cima, tenho evitado encontros ou conversas mais aprofundadas e chega um dado momento em que eu prefiro me retirar, alegando algum compromisso. Na grande maioria dos casos, o meu "preciso ir agora" resulta em ficar na cama ouvindo música ou assistindo TV. É mais ou menos a mesma mentirinha para fugir de eventos indesejados, alegando outro compromisso na data. Assumo que acabei de fugir de um amigo secreto de final de ano por conta dessa mentirinha.
A lista dessas pequenas mentirinhas diárias certamente é bem mais longa e você poderia acrescentar outras tantas. Fato é que elas são capazes de resolver um momento ou, até mesmo, nos tirar de situações indesejáveis ou constrangedoras. Mas, elas não mudam a realidade, tampouco conseguem enganar a nós mesmos. Sabemos que em nosso íntimo as coisas não são exatamente como as palavras que proferimos. Já dizia o grande Renato Russo: "Mentir para si mesmo é sempre a pior mentira" (música Quase sem Querer).
Não prometo sinceridade nesse aspecto. Sei que continuarei dizendo "tudo bem", "estou brincando" ou "preciso ir agora", ainda que não seja verdade. Sei, também, que isso não me torna um ser humano totalmente desprezível ou abominável. Em alguns casos, fugir de uma conversa maçante é necessário, para o bem da minha saúde mental. Essas pequenas mentiras diárias não são prejudiciais aos meus relacionamentos com outras pessoas. Aliás, elas também contam as suas pequenas mentiras e, assim, a vida segue o seu ritmo.
Eu só espero que a partir de agora as pessoas que têm acesso a esse texto não questionem todas as vezes em que eu disser que tudo está bem; na maioria das vezes, realmente está. Na maioria das vezes, também, eu realmente estou brincando - é o meu jeito crianção e irreverente de ser, quase sempre inoportuno (faço brincadeiras na hora errada). Além disso, em alguns momentos, eu realmente tenho outros compromissos e preciso me ausentar. Ou não!

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

sábado, 12 de agosto de 2017

Nosso tempo

A vida é feita de finais e recomeços. Alguns finais são necessários para que outros inícios aconteçam. Tudo são ciclos e nós nunca sabemos exatamente quando um se encerra e outro recomeça.
Nós nunca sabemos, por exemplo, quando será a última vez.
Quando será o último beijo. 
O último abraço.
O último olhar.
O último encontro ou a última viagem.
Nunca sabemos quando será a última oportunidade de dizer a alguém o quanto ela é especial ou o quanto a amamos.
Não sabemos, ainda, quando vamos ouvir de alguém, pela última vez, o quanto somos especiais para ela também.
Nem mesmo sabemos quando será a última briga. 
A última discussão. 
O último jogo. 
A última vitória ou a última derrota. 
O último sorriso e a última lágrima.
A única coisa que sabemos é que tudo tem um fim. Seja um momento bom, um momento ruim, ou até mesmo a própria vida.
Sim. Sabemos que a vida tem um fim, mesmo assim, nunca sabemos quando, exatamente, vamos partir. Mas sabemos que um dia vai ser o nosso último.
O irônico é que, mesmo sabendo disso, não nos preparamos nem para partir e nem para a partida daqueles que amamos, que são importantes para nós.
Quantas promessas não cumpridas. 
Quantos planos não executados. 
Quantos sonhos não realizados. 
Quantas oportunidades desperdiçadas.
Quantas coisas ainda a fazer. A dizer.
Quanto tempo perdido!
Por não sabermos a exatidão do fim, vamos protelando, postergando nossas prioridades. Esperando sempre ter tempo em breve.
Reza a sabedoria popular, que não devemos "deixar para amanhã o que pode ser feito hoje". No entanto, sempre esperamos que "amanhã" seja um dia mais tranquilo, que teremos mais tempo. E se o amanhã não chegar?
A vida não vem com um manual de instruções, muito menos com um cronômetro, marcando quanto tempo ainda temos.
Hoje é o dia de sermos felizes, de vivermos a vida em toda sua intensidade. Esse tempo é agora. Essa tarefa é urgente!


domingo, 25 de junho de 2017

Elite branca

Não sou de discutir política por aqui, quem me acompanha nas redes sociais sabe muito bem disso. Para brincar de discutir política eu uso o Twitter ou o Facebook.  Estava pensando em escrever um texto sobre "acomodação", mas mudei de ideia. Não vou me furtar de discorrer sobre o que me aconteceu numa dessas discussões em que ninguém tem razão e todos estão certos.
Num lindo dia de verão [ok, não precisa ser tão romantizado]. Em uma discussão sobre um tema controverso, político-social do momento, uma criatura dessas que gosta de se colocar como vítima de tudo e de todos me classificou como "elite branca". Evidente que eu não quis estender a conversa. Existem pessoas que vale a pena discutir qualquer tema, inclusive política. São seres iluminados, que sabem argumentar e ouvir os teus argumentos também. Admiro pessoas com esse nível de inteligência e maturidade. Infelizmente, existem algumas outras (muitas) que a gente concorda ou diz "ahã" para encerrar logo a conversa. Esses tipos costumam levar a discussão para o lado pessoal e geralmente acabam por apelar. Não tem a menor condição de dialogar sobre nada controverso, pois até mesmo um "bom dia" pode ser polemizado. Não vou me estender sobre as diferenças entre essas pessoas e certamente você conhece pelo menos uma pessoa que se encaixa em cada um desses perfis.
Enfim... o fato que quero mencionar é que, para tentar refutar meus argumentos, o melhor argumento foi me chamar de "elite branca". De imediato apenas consegui responder que ainda não sou elite, mas estou batalhando para isso.
Oras... é impressão minha, ou para essa geração é um problema, um pecado capital alguém crescer na vida e ocupar o topo da pirêmide social, sendo elite?
Além disso, existe uma "elite branca" e uma "elite preta"? (Usando a contraposição das cores para não gerar mais reclamações). A primeira dessas elites seria a vilã e a outra a mocinha? 
Fico a pensar: elite branca como ofensa ou forma pejorativa de tratar alguém... Se fosse elite preta seria elogio?
Infelizmente essa é a geração dos estereótipos, das generalizações, do politicamente correto, dos preconceitos e "fobias". O problema é que são estereótipos bizarros, tanto quanto o que consideram "politicamente correto" . 
Acaso estaria eu cursando faculdade pela terceira vez para ser base da pirâmide social? Não!! Eu luto para estar no topo mesmo. Tenho minhas ambições. Minhas perspectivas não se resumem a estagnar no tempo e reclamar, conjecturando "se's" (SE eu tivesse me esforçado; SE eu tivesse estudado mais; SE eu tivesse...) Quero muito ser elite. No momento, não sou "filhinho de papai". Agradeço muito a meus pais por toda a dedicação e tudo o que fizeram e fazem por mim. Mas eu sei o quanto eles batalham e o quanto abrem mão de coisas para eles mesmos em benefício meu e da minha irmã. Não é gratuito. Além disso, tenho um emprego, trabalho para manter minhas contas pagas. E espero muito não me acomodar nesse emprego. Embora esteja acima da média brasileira, não pretendo me nivelar por aí. Tão logo apareça um emprego melhor, abraçarei com toda convicção.
Para que fique claro (no sentido de compreender e não "branco", sem ironias) não me senti ofendido com o tratamento "elite branca". O que me intrigou é justamente não compreender como ascensão social, profissional ou pessoal [ser elite] somada à cor da minha pele [branca] pode ser considerada uma ofensa. E o pior, não uma ofensa qualquer, mas um argumento suficiente para refutar ideias contrárias.
Não sei se as pessoas realmente pensam sobre o que afirmam. Me parece óbvio que não!
É evidente que eu entendo o quanto, ao longo da história da humanidade, determinadas elites foram prejudiciais, usurparam, escravizaram, tiraram proveito de formas ilícitas ou até mesmo legitimizadas. Mas o que dizer, por exemplo, da assim chamada "elite intelectual"? É tão pejorativa quanto essa "elite opressora"?
Ser elite não é problema. O problema é não ter argumentos, apelar e generalizar.

Para encerrar [já ficou chato], peço muito a Deus que abra caminhos, me ilumine e me ajude a chegar de fato a ser elite. No que depender de mim, farei o possível para que isso se concretize.
Imagem relacionada
[estou com preguiça para corrigir o erro de digitação "eleite" na imagem. É mais prático escrever essa frase justificativa]

domingo, 13 de novembro de 2016

"Na minha época"

Começar com um título "na minha época" só pode remeter à nostalgia da minha infância feliz. Talvez! Apesar de não poder reclamar da minha infância, é um verdadeiro milagre que a minha geração tenha dado certo ou, pelo menos, tenha sobrevivido.
O mundo passou a ficar chato após a virada do milênio. Não sei que raios pode ter acontecido, mas o tal "bug do milênio" transformou a humanidade.
Para quem não conheceu a expressão, se acreditava que ao chegar o ano 2000 todos os sistemas digitais e tecnológicos sofreriam um verdadeiro bug, uma vez que trabalhavam com datas de dois dígitos e o 00 remeteria ao retorno do início do século XX. Não seria apenas um problema de data, mas os sistemas financeiros calculariam juros negativos, investidores e empresas iriam à falência, o bug causaria sérios problemas econômicos e daí por diante. Fato é que nada disso aconteceu. Ao menos não do ponto de vista econômico! No entanto, aconteceu alguma coisa com a humanidade. Usando uma expressão atual, as pessoas ficaram mais "mimizentas".
Quem teve a infância e a adolescência entre os anos 1980 e 1990 sabe muito bem do que eu estou falando.
Na minha época era comum brincar na chuva. Lembro, inclusive, que minha mãe algumas vezes me colocava na chuva para brincar. Isso era saudável. Hoje, quem tomar uns pingos de chuva já pega uma pneumonia das brabas.
Resultado de imagem para crianças brincando na ruaEra comum brincarmos na rua até escurecer e até mesmo depois de escurecer. Não faço ideia de quantas vezes ouvi minha mãe gritar meu nome, mandando entrar que já estava escuro. Não tinha carro preto ou dois elementos em uma moto tocando terror e podíamos brincar tranquilamente sem medo de sequestro, assalto ou qualquer coisa do tipo.
Sou do tempo em que as músicas infantis eram absurdamente politicamente incorretas. Quem lembra do "nana neném que a Cuca vem pegar. Mamãe foi pra roça e papai foi trabalhar"? Ou, "atirei o pau no gato, mas o gato não morreu. Dona Chica admirou-se do berro que o gato deu"? Outra bem conhecida dizia "boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa criança que tem medo de careta".
Ora, eu tenho que ficar sozinho em casa, meus pais saíram e a Cuca ainda vem me pegar. Dormir como?? Achavam bonito estimular os maus tratos ao animais? O pior era a tal ad dona Chica observar admirada, sem tomar providência alguma. Para terminar, eu, bebê, tenho que gostar de caras feias, senão um boi preto vem me pegar.
Certamente, hoje nossos pais seriam denunciados ao Conselho Tutelar por abandono de incapaz, incentivo à violência, negligência e maus tratos com crianças.
Mas sobrevivemos... 
Resultado de imagem para crianças brincando na ruaSubíamos nas árvores mais altas; seja para brincar, como também para fugir dos nossos pais. Teve uma vez que um grande pé de ameixa serviu como refúgio para minha melhor amiga e eu. Na ponta daquela árvore observávamos nossas mães, ao chão, com uma varinha na mão nos chamando para descer. Lembro que cheguei em casa depois da Dani e, com certeza, só não apanhei porque minha mãe ouviu o choro de dor das varadas que ela tomou e ficou com pena. Dei sorte de ter demorado um pouco mais e por morarmos bem perto. Mas fiquei com pena e com medo de que acontecesse o mesmo comigo.
Não tínhamos medo de pessoas desconhecidas e as leis eram menos rigorosas. Quando eu tinha 13 anos, viajei com minha irmã e uma prima para visitar uma tia que morava em outro Estado. Eu, do alto dos meus 13 anos, sendo responsável por uma viagem de Santa Catarina ao Paraná, cuidando da minha prima de 11 anos e minha irmã de 9. Quanta irresponsabilidade (dos nossos pais, óbvio). Só sobre essa viagem renderia um texto completo. Naquela época, nem existiam celulares ainda. Se existiam, eram aqueles "tijolões", que só serviam para fazer ligação mesmo. As fotos eram tiradas em câmeras com filmes que eram revelados depois. Na frente da casa da minha tia tinha uma lombada. Minha prima de 11 anos parava os carros na lombava para tirar fotos dos motoristas em uma câmera sem filme! E os motoristas paravam, sorriam, buzinavam e continuavam... sem riscos, sem "mimimi", sem maiores problemas.
Foi nessa mesma viagem que minha irmã e minhas duas primas me trancaram num quarto com uma menina surda tarada. A vizinha!!! Enquanto eu tomava banho, fecharam a porta, levaram a chave, e deixaram a menina esperando eu sair apenas de toalha. Assim, eu, um garoto de 13 anos e a vizinha de 12 pudemos conversar tranquilamente sobre política, religião, futebol e ainda estudamos a fórmula de Bhaskara (xis igual menos bê, mais ou menos raiz quadrada de bê ao quadrado menos quatro a, cê, sobre dois a).
Na minha época, também, tinha um campinho de futebol bem perto de casa. Todos os dias eu ia jogar com alguns amigos. O jogo só acabava quando escurecia e não dava mais para enxergar, ou quando me irritavam. Nesse caso, eu simplesmente pegava a bola e ia embora. Como era bom ser o dono da bola naquele tempo!!! Eu nunca perdia. Eles sabiam que se eu perdesse de muitos gols, eu terminava o jogo.
Usávamos a imaginação de verdade. Uma grande vara de bambu se transformava num lindo cavalo de corrida. 
Resultado de imagem para crianças imaginaçãoNa minha época, quem tinha caixa de lápis de cor com 36 cores dominava a escola. Isso sim era ostentação. Praticávamos e sofríamos bullying e ninguém ficava com peninha ou reclamando.

Que época... que geração!!
Tenho verdadeiro orgulho das cicatrizes que carrego, das marcas dos pontos levados na testa e no queixo, como herança dessa minha época.
Uma pena essa geração atual apenas ouvir falar de um mundo tão colorido e tão mais divertido.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

É preciso falar sobre amizades

Diz a canção que
Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou

Quando eu estudava na quinta série [sim, sou da época que se chamava série e não ano] ganhei uma medalha do meu melhor amigo. Seu avô teria ganho aquela medalha por ter lutado na Segunda Guerra Mundial. Era um objeto com um valor sentimental muito intenso, que recebi como símbolo de uma amizade sincera e verdadeira.
Nos distanciamos, a vida nos definiu rumos diferentes e o destino nos afastou. Hoje, não sei se o meu "melhor amigo" da quinta série está casado ou solteiro como eu, em que lugar está morando, não sei em que área trabalha. Nem sequer sei se está vivo ou morreu, a exemplo de alguns outros amigos da mesma época.
Quantas amizades você já imaginou que seriam para a vida inteira e hoje vocês sequer conversam? Quantos exemplos você consegue enumerar de pessoas com quem você trocava confidências, os seus mais íntimos segredos, e hoje são verdadeiros desconhecidos? Ou, ainda, quantas pessoas se distanciaram de você ou você delas pelos motivos mais fúteis?
É preciso falar sobre amizades... esse sentimento estranho que em um momento está aceso, intenso e o tempo ou outras circunstâncias acabam esfriando.
Nenhum ser humano é uma ilha. Nós precisamos de pessoas que andem ao nosso lado "nessa longa estrada da vida". A presença desses seres ilustres, verdadeiros anjos na terra, tornam essa caminhada mais alegre, mais leve, mais significativa.
Precisamos de pessoas, além da nossa família, que nos encorajem nos momentos difíceis, que chamem a nossa atenção quando cometemos algum deslize ou pisamos na bola. As conquistas têm um gosto muito mais especial quando compartilhadas com outras pessoas e as dores ou angústias se tornam menores quando divididas, também.
É bem verdade que, muitas vezes, acabamos depositando confiança ou criando expectativas demasiadas sobre as pessoas; ou elas sobre nós. Amizade é uma palavra importante demais para ser usada com qualquer pessoa que compartilha algum momento da nossa vida. O grande problema é que nos deixamos levar pela emoção das impressões. Conhecemos alguém, estabelecmeos uma relação de afinidade e no mesmo instante classificamos esse conhecido ou colega como "amigo".
Talvez as redes sociais tenham influenciado essa nossa atitude. A pessoa curte alguma publicação nossa, seja uma foto, uma opinião ou por achar "interessante" nos envia uma solicitação de amizade (ou vice-versa). Imediatamente a pessoa é adicionada à nossa lista de "amigos". Talvez, ainda, a língua portuguesa falhe por não existir uma palavra que melhor defina esse "purgatório social", um estágio um pouco mais que conhecido e um pouco menos que amigo, no sentido legítimo da palavra. Com isso, acabamos criando a ilusão de termos muitos "amigos".
Por falar em redes sociais e amizades, desde que publiquei selfies e manifestações de apoio a um político controverso no cenário brasileiro, muitos desses "amigos" me excluíram das suas redes sociais. Algumas pessoas, com as quais tenho a insatisfação de ainda ter que conviver na vida real, chegaram a me bloquear nessas redes. Isso de forma alguma me abala ou me incomoda. Temos que aprender que amizade não é definida apenas pela convivência. As pessoas com as quais convivo não são necessariamente meus melhores amigos. Por motivos de estudo, trabalho ou outros fatores, somos obrigados a conviver. Não escolho meus amigos (no sentido real da palavra) por torcerem pelo Grêmio (e eu lembro dos "amigos" de Porto Alegre, no tempo do Orkut, quando íamos para o estádio assistir aos jogos nas tardes de domingo), nem por motivos religiosos ou ideológicos. Essas relações traduzem afinidades, mas não estabelecem necessariamente uma amizade. O problema é que falta uma palavra que defina essa relação com maior propriedade.
Para mim, amizade não é algo que se escolhe, mas sim, se estabelece. Como? Pois bem, eu não escolho uma amizade como alguém escolhe um pedaço de carne no açougue ou um perfume, pelo cheiro. A amizade propriamente dita se estabelece a partir do caráter, do comportamento, da reciprocidade e do papel que essas pessoas têm na minha vida. É um processo de construção! Isso explica o fato de muitas pessoas irem, enquanto outras tantas ficam na minha vida, independente da distância geográfica.
Por isso, mesmo que eu tenha um perfil no Facebook, por exemplo, com cerca de 5 mil "amigos", a imensa maioria dessas pessoas não passa de "apenas conhecidos" e, conscientes disso ou não, eu também não passo de apenas um conhecido para elas também. O vai e vem (adição e exclusão) em redes sociais é algo natural para mim. Entendo bem e sei quem são as pessoas que têm alguma importância na minha vida; quem são as pessoas que eu apenas convivo, quem eu conheço e quem eu de fato considero amigo e carrego do lado esquerdo do peito.
Não é feio ou errado classificar ou rotular as pessoas nesse sentido. Feio é criar expectativas (em nós ou nos outros) e acabar "quebrando a cara". Assim como não é difícil conhecer pessoas, a questão é fazer com que fiquem na nossa vida pelo que somos ou apesar do que somos. Esses sim são os verdadeiros amigos.